Maria
Prosa e Poesia
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Crepúsculo das Palavras

Caminho os mesmos passos,

trilho as mesmas auroras,

mesmo a hora tardia,

o crepúsculo das palavras.

 

São milhares de rastros

que se perderam no tempo,

correndo atrás do sol

- seus raios amados,

buscando a lua,

tremulando saudades

no vago das ondas

que ziguezagueiam

pelos corredores da vida.

 

O soar medido e puro

recorda nossos risos

e nossas festas de chá e amendoim,

pastilhas de menta picante

nas bocas que sentiam o mesmo sabor.

 

Há tantos sozinhos

nessas esquinas que se cruzam

no vazio que o silêncio crava fundo

mais uma vez na curva de nossa vida.

 

Não sei do dia-a-dia, não sei.

Nada sei dessas esquinas pardas

que merecem seu olhar demorado e cotidiano.

 

Hoje pisei degraus

que subi e desci tantas vezes,

abri uma porta e entrei

para ver o brilho de vida

que paira em teus olhos.

 

Toquei o corpo do sol que,

ligeiro e meio perdido do que fazer,

se afastou e com outra luz, sozinha, me deixou...

 

Sussurrei baixinho:

como você está?

E outra voz ouviu

e respondeu no seu lugar...

Coisas de um coração

que quer estar junto,

perto, saber... ver... amar...

 

Mas, eis que o sol não escondeu

o sorriso de luz em seus olhos.

Estendeu seus raios e meu coração tocou...

 

Estou viva!

E sempre esperei por ti...

vivo a te esperar!

 

Não foi o mundo que me escondeu

entre a agulha e palha,

foi você que partiu de meu lagar

de candura e doces provas de amor...

Mas sei, de mim não há saídas,

nem rezas que me levem de mim sua luz...

Mesmo depois da morte,

há o nosso amor, há a nossa eternidade...

há alegria da presença...

há riso, amor, há vida!!

Maria
Enviado por Maria em 03/05/2023
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