Também já fui esse subúrbio de solidão,
um desfile típico de nadas e vazios.
Um enfeite que corria pela rua
sem dizer nada,
sem expressar minha essência
que ainda não conhecia.
Não tinha atrações que pudesse algo de belo iluminar,
nem uma banda que passasse na praça
acalentando a dança com a vida.
Eu fui um espantalho
de inundações de sofrimento e dor,
iluminada por lágrimas
que também rodopiavam em ti...
E vivi o mesmo tempo sem nome que viveste,
pois o teu viver de renome,
perdendo até o simples sonho de amar
rebatia em mim a solidão, o sofrimento e a dor...
Vivi esse tempo sim... assim, assim...
Mas, nunca esqueci você,
nunca deixei de guardá-lo, impoluto, puro,
no relicário da alma...
e é minha a memória desse tempo..
Registrada em anais de amor e esperança
que nunca se calaram,
que anunciaram a dádiva do amor
no cotidiano diário da história...
Tenho em mim a memória
das colheitas em teu jardim de amor,
das manhãs ensolaradas
em que te visitava e encontrava
nas lágrimas aperoladas que desciam os laivos da face
a tua intensidade, o teu sentimento, amor.
Ali não havia horas cinzentas, não havia dor,
não havia dia úmido e disperso, perdido de si.
Tudo era imbuído de simbolismo...
Tudo era um encontro de nós mesmos,
tudo era nossa alma refletindo
as vivências do tempo e da história...
de nosso passado que nunca esquece...
que está lá, faz parte de nós... é nossa história...
Somos guardiões dessa memória...
somos guerreiros do amor,
homem e mulher de amor.
Lutamos por ele, conquistamos a nós mesmos,
nosso próprio coração que hoje é um só.
Somos heróis do tempo,
heróis de nossa própria história,
onde não há causas perdidas,
onde a solidão é solitude de vida,
onde a nobreza do espírito se ilumina
e se amplia à felicidade eterna, amor!