Sou o pó desse passo que sobrou.
A solidão da noite e o silêncio da lágrima
que desenha hieróglifos em minha face.
É que em meio à noite não ouvi sua voz.
Senti o sussurro da música,
mas queria ouvir o som de sua voz
me cochichando saudades.
Onde está você agora?
Perdeu-se entre as belas flores amorenadas ?
Entre as bolas que brincam nas mãos
que ontem nasceram e já se fazem ser ao teu redor ?
Onde está você agora que não me toca,
não me fala... não me deixa lhe sentir?
Tão calado... me calas também...
Por quais caminhos percorres minha alma?
No vento que remexe feliz as flores dos cafezais
e colhe amoras para o deguste
de um paladar aguçado de belezas?
Por quais nuvens navegas
enquanto a alma da flor
mergulha em seus desassossegos interiores
e saudades de abraços e beijos pendentes?
Vem em mim. Vem.
Sou o pó das estradas que teus pés já trilham
há eternidades de horas do tempo.
Sou o pó das estrelas que já cruzaram teu Sol
nos bilhões de caminhos
entre as galáxias e mundos de buscas e procuras.
Sou a flor que achastes perdida de si em teu jardim
e em teu colo carregaste com beijos de luz e regas de branduras
até o nascer dos botões e o abrir de suas pétulas de amor.
Lembra-te de mim? Me recordas!
Sou Eu, Minha Vida, sou Eu!
Vives em mim!
E me sentes quando teu coração
bate em mim como o meu em ti.
Sou o amor que te toca Agora,
sou a luz que adentra os teus medos
e cala essa angústia e essa saudade ancestral
que temos um do outro
e nos faz - loucamente - nos buscar.
Sou eu que mergulho em ti,
em teu interior, que trago as ternuras
das jornadas em busca de nós -
nossas iniciais tatuadas na palma de nossas mãos -
até nos encontramos - eternos- e sermos apenas um.