Não é o tempo que faz de conta que não vê.
O tempo não tem olhos para ver, mas nós sim.
Nem é o tempo que deixa a vida passar.
É ele que passa...
E nós o deixamos ir
sem, talvez, viver, falar, cantar, dançar
o que tanto precisávamos...
o que era e o que estava por vir.
Não sou eu que fico fugindo (estou aqui),
justificando o sol recrutar o acolá...
Só se recruta o que se quer.
Ninguém obriga ninguém a fazer o que não deseja.
Não há lógica na outorga dessa culpa.
E se culpa há ou se culpados deveria haver...
Só você pode me dizer...
Eu...
Penso que não.
Já me disse o sábio
"As coisas acontecem porque elas são...".
Se sozinho dizes estar, sozinho queres ficar...
Então, não culpe o tempo que devorou meio século de vida.
Fomos nós, você e eu, que deixamos,
sem viver, o tempo correr... passar...
Se tudo passou e em ti o sonho acabou...
O sonho floresce em mim...
Não há nada findando, nem a ruir...
A vida não é uma paisagem...
embora tenha, per se,
o poder de uma nova construir...
Se lhe deixaram sem tudo, lamento!
Se tudo virou poeira, sinto muito!
Se tudo é areia sem praia
e agora celebras o vazio, que pena... que breu.
dizeres que não tens mais Nada...
E o Nada é Tudo em mim...
O Nada Sou Eu...
Se o Sol se retira de seu próprio território
e se esconde atrás das cortinas cerradas,
não é a flor que foge pelos telhados de barro da vida.
Rosada e florida -
flor que é o nosso amor -
está sempre ali...
É ela a vida que - tímida e sonhadora -
ainda, apaixonada, vibrante e colorida, lhe sorri!
Eu te amo:
eu também te amo!
Então, deixa-te ser amado!
Porque sempre foste adorado!