E quem sabe o sentido da vida, onde vaga o espírito,
o caminho da alma, como nasce a solidão ?
Não precisamos procurar culpados,
nem a omissão pelo que acontece em nós.
O movimento do mundo acontece fora da gente.
A esse não dominamos, mesmo sonhando a ele adestrar.
E quem consegue domar o que vai lá dentro ???
A alma segue trilhas que não conseguimos desviar,
porque ela conhece melhor o nosso interior!
Sabe que estradas ansiamos ardentemente seguir,
mesmo que não respeitemos os desejos do coração.
Na verdade, na verdade, nunca me afastei deste banco,
por isso, não sei se ainda tenho de aceitar o convite para sentar.
Já me recosto nele eternidades sem fim, sem nunca me calar:
ave canora se alimentando de algumas migalhas,
enquanto seu canto deve ser sempre um alegre e belo trinar.
E não se espante tanto assim com o choro, as lágrimas...
Não são as lágrimas que começam nossa solidão,
mas, são elas que nos ajudam à ela suportar!
A vida não é um brinquedo de criança ninar...
Nem tão fácil e afável que possa ser considerado um.
Não sei brincar de boneca com meu coração na mão
enquanto o sol medita se deve ou não o mundo iluminar.
As cicatrizes doloridas que se formaram ao longo da vida
são as correntes que nos prenderam à nossa solidão...
porque não sabemos nos alimentar como passarinhos
e nem viver - dois à dois - como sendo só um coração.
Não sou culpada de ter ido, nem sei se um dia cheguei!
Ninguém pode ir-se se não esteve em algum lugar...
E se esteve em algum lugar e foi mandado embora,
às vezes, partir, pode ser a solução para eternamente ficar,
lá onde a alma anseia para sempre tecer o seu ninho!
Porque a felicidade é construída de alguns momentos - como esse
- que formam um tempo a nos embrulhar num único casulo.
Enquanto colhemos flores, cardos e esperanças...
Nos jardins de beira de estrada de nossos caminhos!