Os olhos do tempo
Escrevo, com o coração mergulhado em pensamentos e sentimentos. Em tua quietude toneladas de perguntas me angustiam a alma outra vez.
Você me diz que não quer me ferir com seu silêncio, que quer proteger meus sentimentos, mas quando se cala desse jeito é exatamente o que faz, me faz sentir perdida, desprotegida, completamente atordoada e com a alma ferida por não entender o que acontece, o que se passa com você.
Em anos passados você se preocupava com os outros, ontem com a idade que chegou e hoje, o que preocupa você?
Mergulho em reflexões e não consigo encontrar respostas, pois essas, só você pode me dar.
Hoje fiquei pensando: um dia se estamos preocupados com o tempo, com a idade e não conseguimos perceber quanto tempo já perdemos na vida? Quantos anos deixamos passar sem falar, sem brincar como crianças, sem derramar a alma em em uma carta ou poema?
Tanto tempo que perdemos... E, o tempo passou. Quanta coisa poderíamos ter construído. O que estamos esperando? A morte chegar? Isso pode acontecer amanhã. É um minuto e a vida se foi por entre os nossos dedos.
É o que queremos? Perder os melhores anos de nossas vidas por causa do que nem sabemos? Tanto tempo que nos fizemos falta. Queremos esse tempo de silêncio pra sempre? Pra toda eternidade?
Mais uma vez temos a chance de mudar. De nos falar todos os dias, de brincar como crianças, de vivermos como eternos adolescentes apaixonados pelo mundo, pelas coisas do mundo, pela vida, por nós.
Você está tão preocupado com o tempo. Então, cada dia perdido é uma eternidade que não volta. Um tempo que passa e não há mais como fazê-lo voltar.
Sabe, o que me faz não desistir de você? O que me faz acreditar que sou importante na sua vida? Eu sempre lembro você me agradecendo por ter lhe escrito de novo após tanto silêncio. A urgência de suas palavras me marcam profundamente.
Mas a sensação que tenho é que minhas palavras ficam perdidas num vazio demográfico entre o meu e teu coração. Eu me derramo em escrever. Porque as palavras, são o que tenho de mais precioso. É a única coisa que tenho, minhas palavras. É só por meio delas que posso falar.
Enquanto escrevo meus olhos derramam rios de lágrimas... Cada palavra que escrevo é um pedaço de mim que se desenha no papel em branco. É um desejo de não estar falando sozinha. Porque isso eu sei que não quero mais pra minha vida: falar sozinha...
Maria
Enviado por Maria em 19/05/2023
Alterado em 03/09/2023