Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos Fotos Livro de Visitas Contato
Textos

Kryptonita de Areias do Tempo

 

Sei dessas saudades imortais,

dessa noite varrida de ventos

e do sibilar ermo e uivante das Areias do tempo.

 

Não é a calmaria o que se agita nas quebradas das esquinas

e nas mãos que baguçam o lixo das emoções.

Também não é tempo de erguer muralhas

ou fortalecer as que já existem.

 

Não há que ocultar o que se é

quando faltam palavras

para na rua ou em praça pública

desenhar sentimentos.

 

Escrever rascunhos

e da lixeira da vida os apagar

já não leva a nada.

 

Ninguém mesmo vai ler

e o saber se mimetiza

entre a rosa e o jardim,

a flor e a montanha.

Até a lua vira sol num disfarce de época.

 

Como num espelho, igualmente,

traço esboços dos meus medos

que já descobri ao longo do tempo.

 

Ah! Também sou paisagem e me transformo

se o sol nasce fulguroso de luz e cor

por entre a névoa que abraça a montanha

ou nuvens de kryptonita para não pensar - só amar. 

 

É quando as lágrimas que tingem a face

desenham um poema no toque de pele.

É assim que, algures do tempo,

toco o céu com a mão

enquanto meus pés de barro

continuam na terra.

 

Se um dia virar estrela,

olhos de anjo estarão atentos

ao caminhar do poeta

que se diz ir quieto

para a casa do sol de ontem.

Maria
Enviado por Maria em 20/05/2023
Alterado em 20/05/2023
Comentários