Nunca zombei do mar a empáfia,
nem desejei ser maior que seus abismos...
Como ousaria desafiar seus ditames e deles ignorar?
Ouso amplia-los estabelecendo muros intransponíveis
entre os limites impostos...
Fez-se a morte dos sonhos...
Costurou-se, num cozinhado
de oito orquestras do tempo
o que em dois pares de horas do dia
descambou como raio irado e ferino
sobre o grão que cruzava
ousando sonhar com a vida,
o deserto da ampulheta do tempo...
Se hoje me cobri de carências,
não significa que me abarrotei do real
ou mergulhei (in)subjetividades
nos apêndices e artigos da vida...
Entregarei cada folha devida...
se dívida há... não há, mas finjo que sim...
Mas os sonhos de uma viagem pelo antigo do tempo
e pelos braços de uma estrela ancestral morreram...
E, se sobreviverem, não serão mais
um sonho de mãos-dadas com os raios de luz do sol...
Hoje, busco a essência do Nada,
quero as profundidades do caos
e os meandros de um saber que me envolve e cativa
e sei que não há como - você - isso entender...
É o que quero, o que preciso Agora,
um mar que me inunde,
um coração que me abrace,
uma alma que converse e que tome café
que venha me visitar em minha casa...
que toque piano e harpa enquanto eu sou violino
e que me escreva aquela carta de amor...
É disso que quero, é disso que procuro,
um coração cuja genialidade
me entregue o amor de plenitude...
um mar de ondas quentes e olhar de fogo...
que seja um barco ou caravela - que seja...
que tenha um casco, um tombadilho,
que seja vela para se deixar levar pelo vento...
e me faça mergulhar profundezas...
que seja um silêncio que me caiba e profundo me eleve,
a consciência e a inteligência
de um pensamento que me cative,
um cais que minha alma marinheira
ouse - aventureira e viajeira - um dia, aportar...