Maria
Prosa e Poesia
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Alma Marinheira

Nunca zombei do mar a empáfia,

nem desejei ser maior que seus abismos...

Como ousaria desafiar seus ditames e deles ignorar?

Ouso amplia-los estabelecendo muros intransponíveis

entre os limites impostos...

 

Fez-se a morte dos sonhos...

Costurou-se, num cozinhado

de oito orquestras do tempo

o que em dois pares de horas do dia

descambou como raio irado e ferino

sobre o grão que cruzava

ousando sonhar com a vida,

o deserto da ampulheta do tempo...

 

Se hoje me cobri de carências,

não significa que me abarrotei do real

ou mergulhei (in)subjetividades

nos apêndices e artigos da vida...

Entregarei cada folha devida...

se dívida há... não há, mas finjo que sim...

 

Mas os sonhos de uma viagem pelo antigo do tempo

e pelos braços de uma estrela ancestral morreram...

E, se sobreviverem, não serão mais

um sonho de mãos-dadas com os raios de luz do sol...

 

Hoje, busco a essência do Nada,

quero as profundidades do caos

e os meandros de um saber que me envolve e cativa

e sei que não há como - você - isso entender...

 

É o que quero, o que preciso Agora,

um mar que me inunde,

um coração que me abrace,

uma alma que converse e que tome café

que venha me visitar em minha casa...

que toque piano e harpa enquanto eu sou violino

e que me escreva aquela carta de amor...

 

É disso que quero, é disso que procuro,

um coração cuja genialidade

me entregue o amor de plenitude...

um mar de ondas quentes e olhar de fogo...

que seja um barco ou caravela - que seja...

que tenha um casco, um tombadilho,

que seja vela para se deixar levar pelo vento...

e me faça mergulhar profundezas...

que seja um silêncio que me caiba e profundo me eleve,

a consciência e a inteligência

de um pensamento que me cative,

um cais que minha alma marinheira

ouse - aventureira e viajeira - um dia, aportar...

Maria
Enviado por Maria em 26/05/2023
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