Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Dos descambos de uma segunda-feira

 

Não sei mais apascentar sentimentos...

não sei mais o todo da vida...

As partes dela doem, machucam,

cortam profunda e lentamente...

Como não viver os gritos, as dores,

os gemidos inaudíveis? Como não viver?

 

Dor e sofrimento incessantes...

Olhos suplicantes por alívio,

mãos em prece por piedade,

ombros caídos desolados pela vitória da morte.

 

Não sei mais falar dos meus sentimentos.

Faltam palavras pro apascentar da alma

em profunda meditação...

 

Mas... apascentar o quê

neste deserto

de descambos de dor lacerante?

Apascentar o quê?

Sentimentos calados

na partitura de minha alma?

 

É bravia a gana que cresce no peito.

Insana e descuidada a mão que segura o cinzel...

Cascatas de palavras se atropelam

qual ovelhas perdidas

nas escarpas montanhosas de uma cordilheira.

 

E tempo não há. Não, não há mais.

A morte já deu seu bote. Só rezar, só orar...

 

Por isso, corredeiras descem

poemas dos olhos e da retina da alma…

Não, não... não sei mais apascentar sentimentos…

não sei mais o todo da vida...

 

só sei do amor e compaixão

que escorrem - lacerantes -

dos olhos e do coração...

Maria
Enviado por Maria em 30/05/2023
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