Não sei mais apascentar sentimentos...
não sei mais o todo da vida...
As partes dela doem, machucam,
cortam profunda e lentamente...
Como não viver os gritos, as dores,
os gemidos inaudíveis? Como não viver?
Dor e sofrimento incessantes...
Olhos suplicantes por alívio,
mãos em prece por piedade,
ombros caídos desolados pela vitória da morte.
Não sei mais falar dos meus sentimentos.
Faltam palavras pro apascentar da alma
em profunda meditação...
Mas... apascentar o quê
neste deserto
de descambos de dor lacerante?
Apascentar o quê?
Sentimentos calados
na partitura de minha alma?
É bravia a gana que cresce no peito.
Insana e descuidada a mão que segura o cinzel...
Cascatas de palavras se atropelam
qual ovelhas perdidas
nas escarpas montanhosas de uma cordilheira.
E tempo não há. Não, não há mais.
A morte já deu seu bote. Só rezar, só orar...
Por isso, corredeiras descem
poemas dos olhos e da retina da alma…
Não, não... não sei mais apascentar sentimentos…
não sei mais o todo da vida...
só sei do amor e compaixão
que escorrem - lacerantes -
dos olhos e do coração...