Voltei numa roda do vento,
igual as sementes dos trigais
que se dobram invernais,
mas jamais se quebram.
Sou quadrado de três pontas:
sal, flor e fogo da terra...
fui levada à moenda das estrelas
e pouco a pouco
a luz me descobriu escondida
entre os umbrais das três marias
num céu de dois hemisférios.
Um pra ir, outro pra voltar...
Passa o trigo e deixo cair
uma gota de meu inverno
nas folhas esvoaçantes e rútilas
de meu tempo que não vai mais voltar...
Por isso, voltei numa roda do vento,
igual as sementes da flor dos trigais...
Que se dobram ao vento
mas se erguem gloriosas, sublimes
exaltando toda sua força
e sua beleza iluminada pelos raios do sol
que lhe aquecem e fazem
raízes de elos firmar e entrelaçar
e sonhos de amor eterno brotar...