Houve um tempo
em que as horas
não prometiam amanhãs.
A alma vagava solitária
em busca de porto.
Colhia olhares alheios
à sua presença,
passados sem amanhecer,
tempos sem amanhãs...
Hoje o porto existe, mas...
vive em férias de si mesmo,
sendo apenas hoje,
sempre em luta,
sempre em busca da probabilidade
de viver à procura de ser sozinho.
Reclama da ave por perto,
afugenta a alma de passarinho,
mas, se aquieta - enlouquecido -
em esperas - pelo cantar lírico do colibri...
Debruçado sobre o balcão do piano,
ouve, embevecido, a suave melodia
que dedos de poema escrevem no ar...
enquanto o que pode ser
se faz de demoras e esperas
pelo cais para aportar...
E diz a mensagem na parede:
seja inteligente.
viva o hoje e
esqueça a possibilidade
de que o amanhã existirá...