Talvez, talvez eu tenha de te dizer de novo:
deixa-te ser amado,
porque sempre foste adorado.
E eu te amo amor -
tão certo e profundo.
Tão intenso amor.
Sabe o toque das mãos do pianista
nas teclas delicadas do piano?
Sinta minhas mãos te tocando assim...
Assim, como um fantasma - invisível,
resvalando por tuas teclas sentidas...
desenhando um poema,
tatuando um rio de sentimento em tua pele,
fazendo um degradê de amor em teus lábios
para que te recordes do gosto do meu beijo,
para que sintas a carícia dos meus ventos,
da minha lira de brisa de amor...
Sei que, às vezes, venho como um tornado,
como um ciclone e derrubo tudo ao redor,
desmonto o dia que você planejou sol
e faço chover chuva e a ferocidade
das saudades em teu colo...
Outros, chego como pluma algodoada de ternuras,
com a suavidade de uma melodia da montanha...
E deslizo suave por teus braços
como uma canoa segue delicadamente
as águas púrpuras de um rio
no entardecer apaixonante de luz...
Mas queria chegar como fogo -
queria chegar como incêndio
e acordar o gigante adormecido,
acordar teu estro de paixão,
tua verve de desejo,
despertar o guerreiro em seu forte
de esperas e procuras...
E que chegar assim,
como um ciclone-bomba
arrancando telhados
desnudando-te a alma...
tocando-te no pulsar de teu estro
como um fósforo faiscante
e iluminante de paixão -
queria chegar assim:
a acender a loucura de ti em mim...