Sempre há
um espaço em branco
entre as linhas,
um lugar que contém
a profundidade
que não se diz,
que não se revela...
É desse lugar que falo,
do lugar onde sou...
do lugar
que não mais conheces,
não mais vês...
Sim, eu sei...
Tu não percebes,
mas já está subentendido...
Já é possível perceber
e subentender
a direção do teu olhar...
teu olhar que só vê
a perfeição da casca
e dela se encanta...
No entanto, de longa data sabes
(mas esquecestes)...
não é ali que mora a essência,
a totalidade da vida...
Não é ali a verdadeira virtude,
tu bem sabes...
Por isso, hoje eu falo
do lugar que sou...
e... a madrugada
de silêncios conta
de um espaço
em branco entre as linhas...
um lugar que contém
a profundidade...
que não se diz...
que não se revela...