Maria
Prosa e Poesia
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Guarda-me contigo Amor! 

Sempre somos felizes em nosso mundo

até nos descobrirmos sós.

Até olharmos para dentro

e percebermos o oco do oco em profundidade.

É quando a dor tece limites de caos ao nosso redor.

Confrontar-se consigo mesmo, confrontar-se

com o espelho aberto à sua frente também dói.

Foi assim que eu o encontrei:

enevoado e perdido, embrulhado em seu próprio caos.

E foi assim que me vi e uma "verdade" plantei.

Minha alma num jardim deixei...

E um rastro familiar lá ficou...

 

Eu entendi a profundidade dos abismos,

percorri os vales profundos enrolados em dor,

vaguei por céus abraçados de névoa,

em meio as tuas tempestades e desastres interiores.

Conheci a dor profunda e pungente

de um coração magoado e ferido.

Senti a força do vento que o carregava para cá e para lá

e o medo que lhe tomava o peito

ao se deixar arrastar pelas enxurradas e enchentes da vida.

Eu vi o seu interior, conheci

e amei sua alma muito antes de sua face. 

 

Não foi a flor que seguiu as pegadas deixadas em seu jardim,

foi ela que as deixou e o sol as percebeu

e a encontrou onde os seus olhos a viram -

folha seca, caída ao chão...

Foi quando o destino brincou conosco

e me disse na voz de um poeta,

calando fundo em meu peito:

"ama-se um coração,

mesmo sem conhecer um rosto". 

 

Não fale que não houve reciprocidade.

Lágrimas aperoladas de dor,

caiam dos olhos da flor,

mas ela sabia entregar carinho,

entregou o coração

a quem há tempos vivia triste,

abraçado em seus sozinhos... 

 

Sim, alguns portões

devem permanecer fechados

e algumas daquelas portas

que um dia foram abertas,

precisam ser outra vez fechadas, cadeadas...

 

O mundo interior é como uma redoma de vidro.

Para que se possa guardar

em seu cerne preciosidades,

raridades amadas

é preciso resinar frestas

que deixam escoar teouros

que no relicário do amor

devem permanecer, pra sempre, guardados.

 

Maria
Enviado por Maria em 20/06/2023
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