Com as mãos
que tocam poemas, reflito...
e queria poder tocar tua alma
e me aquietar ao teu lado,
lábios em teu peito...
E é assim que o pincel em meus dedos
percorre a superfície de tuas terras...
Tatuo uma senha para minha alma,
pinto um enigma, um mistério profundo
- cujas chaves guardo em meu coração -
a ser desvendado por teus lábios em mim.
Des(invento-me) em palavras
que nunca foram ditas,
em tríades inexplicáveis de poemas
que sangram o amor
em teu peito amalgamado ao meu.
Busco o sentido de nossa história,
- perfaço momentos de nossas memórias -
procuro o fio que, misteriosamente, nos mantém ligados,
a chama que acendeu esse monastério de luz, amor e paz
no qual mergulhamos nossos corações
em busca de mútuo acalanto...
E o enigmático persiste,
transformando o solver do mistério
no próprio mistério, no enigma
que tantos procuram decifrar
ao perguntarem quem sou, quem és... ?
Eu sou a teia que te abraça permanentemente,
que te ama absurda e intensamente...
Sou a realidade que circula pela sala de teus enigmas,
no lugar onde encontras o elaborar de tua intelectualidade -
no berço do poeta, do cientista, do homem -
onde não há sobreposição entre um e outro,
mas uma coexistência tautocrônica,
(entre corpo, espírito, alma, a essência de tudo)
a presença viva em completude de ser, viver, existir...
É onde existe e subsiste o Amor!
" É preciso admitir esse traço consubstancial ao universo,
à realidade, ao ser, ao não-ser, à razão, às ciências,
ao homem: o enigma" (Edgar Morin).