Queria ser essas flores, felizes, augustas,
flores de caminhar por céus
antes inimagináveis e impossíveis.
E desse florir de flores antigas,
queria um sol de névoa
trilhando corredores de ouro
em busca de em seus laços se abraçar.
É que as manhãs alvorecidas de violinos
precisam de mãos que as adornem
de carícias, raios de felicidades
e antigas lembranças.
Vivo o outono de minha vida
e me debruço sobre o que, talvez,
sejam os últimos tempos do mundo.
Tocarão um dia minhas mãos
do sol, os raios amados?
Sonham estes, ainda,
com mil beijos de saudades de verão?
Não creio haver mais tempo para pensar
a direção do vento e o carrear dos sentinelas
que carregam essas dúzias de luzes só de néon
para brilhar na noite incandescente de palavras.
Ninguém chora pelo que passou,
nem se deixa mais perder
em ilusões e sonhos errantes.
Agora é tempo de ouvir
o calar das pétalas de uma flor
que rebate seu gorjeio no muro
de quem entende de tijolo e cimento,
mas não dorme sem ouvir
a ave de asas soturnas,
mas de belo canto e violinos de acalanto.