Também tenho todas essas perguntas:
participo eu do todo e extraordinário do cosmo,
do inusitado da vida?
Ou vivo neste charco de dor e poesia
que pra mim você motivou entrar
caminhos para aqui chegar construiu?
Mas que vida é essa que mora dentro de mim
e me silencia enquanto me faz gritar,
mergulhada em ânsias de um nutrir
de luz e pleno amor?
Há um nó que se forma na garganta.
Um sentimento que se agiganta dentro o peito,
que já não sei se sou eu ou sou você embargando o meu sentir,
embargando a emoção e beirando lágrimas
pela face embrulhada em tantas saudades.
E elas caem sobre as teclas formando notas
na partitura inquieta e airosa
que, sei, teus olhos bebem com tanto encanto!
O que você faz enquanto me desintegro em palavras?
Enquanto me desmancho
em cada verso ou linha escrita o que você faz?
Fica olhando sem sentir, sem mentir a realidade
ou se esquiva silenciosamente
em teu canto sagrado e misterioso
que não posso com minhas mãos alcançar?
O que você faz enquanto choro a dor da saudade,
enquanto minha alma lamenta todas ausências,
distâncias e os milhões de anos de silêncios
que sempre de novo calam profundamente no coração
pois se repetem dia após dia, tempo após tempo,
num ir e vir sem tréguas
e sem nunca aliviar sua pungente dor?
O que você faz enquanto eu me entrego,
lúcida e completamente,
ao teu coração, tu'alma,
em teus braços
que não consigo sentir ou ver?
O que você faz?
Vês o meu choro e o que você faz?
O que você faz?
EU LHE PERGUNTO:
O QUE VOCÊ FAZ????
Onde está você, Agora, enquanto a lágrima fere
as teclas do piano no átrio da vida
e a poesia se faz nesse soluçar desenfreado,
no eco deste choro sem cais,
essa dor da saudade que nunca se cala?
O que você faz?