Às vezes eu me sinto uma criança contigo. Como se não soubesse nada do mundo, da vida. É que há tanta sabedoria em ti, tanto conhecimento, tanta coisa extraordinária que me sinto pequena e me sinto ingênua no que tange à vida, no que tange ao conhecimento sobre tudo.
Eu nem sei falar, só sei escrever o que sinto. O sentir é o meu conhecimento. É o que me move - eu sinto se é assim, ou daquele jeito, se parece certo ou não, se o caminho é por aqui ou por ali, se é assim ou de outro jeito.
É sentindo e tateando a vida que sigo minha jornada por entre as estrelas. Toco cada luz, cada flor, cada pedra e sinto com a ponta dos dedos... se me diz algo, se me fala, se me faz ter sensações inusitadas e belas, se me emociona a ponto de chorar, se me faz mergulhar dentro de mim ou no espaço do outro, teu, meu... então eu compreendo, é o que compreendo, o que tenho a certeza perceber, saber... é o meu conhecimento... o sentir...
Eu, de fato, não sei da vida. Eu escuto você, sinto seu coração, sinto a sua mensagem me adentrando a alma, a tua palavra me tocando profundamente o ser...
E é como se eu vivesse em cada palavra tua, é como se estivesses escrevendo minha vida, como se virasses meu coração do avesso e o chacoalhasse até cairem todas as minhas vestes, e eu me desnudasse inteira diante de teus olhos, dos olhos não da tua face, mas da tua alma - que só esses veem a minha nudez, a minha pele quente e ardente ou as estalactites e estalagmites que se desprendem em cada gota de lágrima que escorre dos olhos e forma a estátua de areias salgadas e antigas que sou... e que um dia irá desvanecer entre os teus dedos... num sopro, numa brisa de luz e amor...
Eu ouço a tua música e é como se ela desenhasse sentimentos em minha pele, como se tatuasse tua alma na minha e tecesse pinturas psicodélicas de nossa loucura em amar em tempos de não-amor, de nossa ousadia em ser exatamente quem somos - sem esconder-se atrás de máscaras e enfeites, de nossa aventura pelo espaço, por este território só nosso, comemorando e glorificando o amor, a virtude de poder amar, a doçura de se entregar ao belo, ao que temos de mais precioso e brando em nós: o amor que nos move, o amor que move o sol e as outras estrelas, o amor que move o mundo e faz de nossos corações santuários sagrados do que há de mais belo, perene e mais certo entre o céu e a terra - o nosso amor...