Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos Fotos Livro de Visitas Contato
Textos

Meu início foi o mesmo teu.

Meu cavalgar pela vida nasceu

embrulhado em teu caos de arenito,

latas e ferros anilados de dor

e rodeado de gentes

e paredes de argamassa

que se erguiam imponentes

em busca de ir até o céu.

 

Deixei uma verdade plantada

em teus areais de terras férteis.

Passei, como passa a vida,

alheando sementes na terra

que em busca de boas colheitas se expande.

E a semente nasceu,

por isso estamos aqui.

 

Também sou povoada

de grânulos de pedras erosadas.

Sou meu próprio deserto

sem oásis pra plantar.

Por isso sempre cavalguei

em busca de teu sol.

 

Nunca cheguei no tempo certo,

mas quando surgi te vi

lutando com tuas tempestades

e clamei para que se desenrolasse da dor.

 

Vejo que ainda não cheguei no tempo certo,

mas de longe nunca estive.

Vivi sempre perto,

debaixo do mesmo céu, da mesma chuva,

da mesma nuvem esquecida

em algum horizonte de nós dois.

 

Mesmo perdida,

sem saber o território que pisava,

seu deserto eu habitei.

 

Caminhei em teus oásis

- quando nele também estivestes -

por milênios de hora do tempo.

 

Lado à lado estive,

- mesmo sem saber -

e não há como me isentares

dessa participação.

Comi em tua mesa,

toquei tua pele tantas vezes

e naveguei em teu cheiro

impregnado em cada grão de ar

que eu respirava...

 

Dois solitários então?

Dois pássaros feridos.

Um de cada lado da vida,

sempre em busca de morrer.

 

Mas não há mais que fenecer.

O morrer a mim me coube

e dele, todas as vezes, voltei...

 

Há um propósito para ainda estarmos aqui...

com teus olhos me fitando,

sentindo o meu falar desengonçado

e sem asas pra saber voar direções

neste novo tempo que se fez.

 

Hoje só quero ir, abrir asas e ir...

só quero guiar o meu corcel desvairado de amor

para dentro de algum deserto

que tenha portas abertas para Areias ao Vento.

E que sejam as portas secretas

do teu coração... 

Maria
Enviado por Maria em 20/07/2023
Comentários