Também queria tanto lhe falar.
Revelar o que transcende a retina dos olhos,
o que se explicita no sorriso da alma,
o que se desenha nos lábios
ardentes das saudades do que nunca, ainda, foi.
Por isso, assopro em ti a poeira dos meus passos,
para que sintas o sabor de minhas pegadas na tua história do tempo.
Se levo nos lábios o cheiro das chuvas e das secas,
se carrego no dorso as correntezas das enxurradas
ou a soberba as águas que descem caudalosas dos olhos,
é esse o cheiro amalgamado de meus passos por sobre a vitrola a vida.
É a melodia dos meus pés no riscado das tuas estradas,
no trajeto que te leva ao desconhecido,
nos teus caminhos já percorridos
e em tantos outros ainda a percorrer.
Eu também sonho nestes caminhos contigo estar, contigo caminhar.
Por isso, sopro o cheiro da poeira dos meus passos...
É o cheiro das chuvas e das secas que me dobra a espinha da alma...
Ouço o pó do vento que sopra em minhas madeixas de luz...
Me calo, em sintonia com mais um desafio que vivi...
Não é preciso dizer que nasci de arco e flecha nas mãos...
Guerreira, deixo meus passos na poeira deste pergaminho de luz...
Mas... os passos passam
e a poeira guarda as pegadas para re(lembrar) o que nunca foi...
O que deveria ter sido a gente nunca vai saber...
Mas o que pode ser, nós dois podemos ainda sonhar e viver...
Assopro em ti, o cheiro da poeira dos meus passos....