Eu também quis um violino no telhado,
um banjo que me falasse com suas cordas zimbros de notas e pausas
e destilasse néctar de deuses em minha nova nebulosa.
Não sei porque nunca ousei tocar
meu violão de oito cordas e sete partituras de amor.
Eu sempre o via na sala ao lado e, muitas vezes, sentado em minha frente
ou no outro canto da poltrona me olhando fixamente...
mas não via suas cordas, nem que nele podia música tocar.
Sempre achei que era um instrumento bom em design
que só amava música jovem, computadorizada, eletrônica, de internet,
que só queria saber de álgebra, códigos, siglas, fórmulas, linhas e diagramas
que se baseassem na cientificidade do seu cotidiano dia.
Jamais poderia imaginar que estava sempre ao lado de meu amor de longa data,
o único que amo de amor verdadeiro, profundo e belo.
E quanto tempo andei com ele em pontos neutros,
sem perceber que poderia nele me perder...
Andava com vendas nos olhos e toalha de brocado sobre a cabeça
desejando ser uma pintura azul infinita e em perspectiva -
aos pés de sua cama - poetizando Carmina Burana
orgiando promessas em horas de distração.
Ah, sou mendiga de seus afagos, sou pedinte de suas mãos,
me embrenho em misérias amargas
e opulências sultanas só para lhe/me agradar...
Eu quero beber seu tay medronho em taças azul turqueza...
com ele, envenenar-me de beijos e suspiros
após embriagar-me em seu desejo de morte e de viver dum sonho.
Eu também quero a sorte de morrer num tiro disparado em uma batalha pelo céu
e, anjo de asas, ficar por lá, numa nuvem branca como um macio e cheiroso leito
Quero chorar a emoção de dormir sendo cuidada por seu olhar
e, ao acordar fugir com ele pelos mesmos telhados
que um dia me levaram chegar a sua porta entreaberta,
na mão um cinzel, para meu nome e a minha verdade,
em sua pele morena de sol pra sempre, por toda eternidade tatuar.