É que a alma precisa explodir
num magma efervescente,
numa tragédia muda,
espancar os muros com os punhos do coração
para que desfaleçam todas as dores
e sejam dirimidas todas as decepções
e a a crueldade proposital se desfaça
em cacos de sangue na calçada...
E se misturo tudo nessa centrífuga da alma,
se cravo os pregos na parede de meus pra dentro
para que a dor lateje e lateje e sangre, sangre...
e sangre inalcançável dos olhos, do corpo, da alma...
Não é que te dedilho afinidades.
Não sei mais de teu sofrimento...
A paz já te alcançou na eternidade...
Mas eu continuo aqui, sempre surpreendente...
em mais um mergulho na dor profunda e lacerante,
com as palavras brotando dos poros,
sozinhas, em gotas, aos trambolhões,
tsunamis afiadas e cortantes...
nessa feroz enxurrada que nunca se cala.
Continuo dizendo tudo
e querendo mais do que palavras...