E a alma varou a noite,
olhos procurando você...
na janela do tempo profundo...
Chamei-te em meu silêncio de nuvens,
em minha solidão em dor...
... e o nada veio...
A mente, traiçoeira, imaginou
em que braços estaria
que não nos meus...
E o coração bateu quase parando,
mergulhado em profundo silêncio.
Pânico... Dor...
A dor da alma é a mais dolorida.
Aniquila os sentidos, cala a voz,
cala as batidas do peito...
E mergulhei em meu medo,
desespero e solidão.
A alma chorou abraçada em seus joelhos,
dobrou-se em posição fetal
e balançou-se pra lá e pra cá
como num berço de acalentar despedidas.
Os soluços se fizeram ouvir entre as estrelas.
O medo se agigantou dentro do peito.
Uma dor sufocou o respirar...
Chamei você...
... não houve eco à minha voz,
não houve um sussurro de luz
que me acalentasse e me dissesse:
- eu estou aqui, meu amor, minha vida!
Eu estou aqui com você...
E a noite estendia seu manto sobre o tempo...
e as horas estagnaram como um marco histórico
para o sofrer atribulado da alma...
Eu me encontrava totalmente só.
Aqui sozinha!
E a dor dessa compreensão ecoou
no grito audível até em saturno
- afugentando seu arco de luz...
E mergulhei em minha própria escuridão,
no pó da estrela que, um dia, eu fui...