Por quanto tempo busquei
me surpreender com os acasos,
debulhar minhas ânsias,
chorar as feridas cravadas no peito
dessa alma sempre em ebulição.
De quimeras e sorrisos
almejei um poema em flor.
Mas o espelho me devolveu
um olhar distópico e atunelado
de dor e solidão.
Em sua mão
um poema enlutado:
"sou homem sem idas
e sem voltas...
homem de adeus,
de flores e cores
leves e flutuantes,
sem amor,
a morrer aos poucos
de mim mesmo me exaurir...
para que para sempre
todos saibam
- e chorem em dor -
de meu nunca existir"!