Querido Joseph
Ouço os sussurros que me falam de um "recuo estratégico para uma cidadela interior", de "algemas da alma", de "um ser vulnerável", de somas e perdas interiores.
Enfim, as palavras que me cruzam a fronte, desfilam um rosário de coisas que não me são estranhas, me são íntimas até, como se um dia eu tivesse pensado ou sonhado e agora meus olhos, incrédulos, pudessem contemplar a concretude das palavras num papel em branco.
É estranho isso. Porque eu sempre achei que o que eu quisesse dizer nunca tinha antes sido dito, entendes? Não porque achava que alguém não o pudesse ter feito, mas porque achava não existir palavra que exprimisse tão grande emoção, tão enigmático pensamento, tão forte pensamento, tão grandioso ele me parecia e tão inesperado e misterioso.
Quantas vezes falei que as palavras que precisava para expressar meus pensamentos e sentimentos ainda não existiam?... que não as achava em dicionário algum? E quantas vezes me lamentei que o que precisava expressar não era falado em nenhum idioma?
Agora explodem emoções dentro do peito. Porque voltei aos meus pra dentro e encontrei mais do que a pedra fria e o cinzel para o trabalho de esculpir. Já vejo, esculpidos na parede, pensamentos e sentimentos. E tocar cada palavra é um bálsamo enriquecedor que sei, é um privilégio, concedido a mim, para que eu visse minha pequenez e compreendesse mais uma vez que o caminho da sabedoria não é o da solidão...mas o de compartilhar o conhecimento... seja próprio de si, seja do outro... ou seja do mundo que nos envolve em lumes de vivências...
E, que mesmo a compreensão da realidade, a sensação de a sentir, para mim... pode ser o conhecimento adquirido, acerca daquilo que eu nunca pudesse ou tivesse sequer imaginado, pensado, ou vivenciado...
De Marie