Maria
Prosa e Poesia
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Venda dos Olhos
Nem sempre
é possível encurtar
a distância
da porta de casa
às calçadas.

Faltam braços
que acolham,
falta braços.

Ou existem,
mas se encontram
amordaçados
pela venda dos olhos.

E fica o descuido,
o abandono
enquanto o mar
segue jogando ondas  
que se espatifam
contra os rochedos...

Ou a vida vai...
pulsando a dor
em pequenos barcos
que navegam
apinhados de sonhos,
e frágeis, tão frágeis...
afundam no mar insano.

Não sei, não sei...
Não sei se ainda há olhos...
se ainda há braços...

Onde o laço
que abraça?

Onde?

Talvez existe,
mas se encontra
amordaçado
pela venda dos olhos.

À Poetisa Rose Rocha
(em memória)
Maria
Enviado por Maria em 02/09/2023
Alterado em 02/09/2023
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