Ouço o aproximar
do vento siroco.
Seu adagio caminha
o gelo das estações.
Escorrego minhas mãos
por entre nossos dedos
para o que o tempo
se abra em dois
e o calor se eternize
em nosso abraço de luz.
As notas se repetem
neste concerto sem maestro,
nesta sonata de duas cores
e uma partitura de amor.
O Allegro tece um soneto
em meus pra dentro.
Meus sussurros se perdem
no enredo
desse enevoado
do tempo.
Sopram ventos cálidos
e nosso desafio
é manter as mãos juntas
neste velejar
por portos de águas.
Consegues ouvir
os pingos da chuva
sobre os violinos
no telhado?
Tecem cicatrizes
que se lançam poemas
de nossa mútua solitude
em nossas manhãs...
É tempo de amores
famosos e formosos?
Ah! meu doce sol
de enternecer!
É tempo de alegria,
de encanto.
Tempo de enlace
de estrelas.
Escorrego minhas mãos
por entre nossos dedos
para o que o tempo
se abra em dois
e o calor se eternize
em nosso abraço de luz.
As notas se repetem
neste concerto sem maestro,
nesta sonata de duas cores
e uma partitura de amor.
Inspirada no Largo e Allegro de L"Inverno op.8 no.4 de Vivaldi