Gosto de viver
nesse oceano de aléns,
neste sentimento inefável,
nesse espaço-tempo
entre o tecido comum vivido
e o véu do imaginário
que vago com maestria
nas noites insones
quando a música e a poesia
me cercam de doçura e amor,
quando os braços
iluminados do sol
me rodeiam e me conduzem
nesses passos indeléveis
da dança da vida.
Gosto de viver
neste perseguir da verdade,
nesta busca incessante
pela realidade,
mesmo quando
as perguntas da alma
não encontram respostas,
quando não sei
o que é esse real,
nem a diferença
entre ele e o sub-real
ou o surreal.
Viajo nestes
enigmas interiores
sempre em busca
do sentimento,
da intuição que desemboca
nos limites da lógica
e nas fronteiras
da razão e do imaginário,
do cingir dos aléns de nós,
onde o ato perfeito,
o presente da vida é o amor
que floresce em meu/teu peito
e aflora no evocar da palavra,
no êxtase inesquecível da poesia,
no caos imprevisível
das almas
que se acolhem
na unicidade deste silêncio,
do som que flui
das partituras inebriantes
desta nova melodia
da vida e do amor.