Caminhar... com essa estranha pulsação ecoando em mim...
A imagem translúcida de um bom dia.
Um copo na mão de uma deusa, um rio,
uma mata peculiar, uma árvore conhecida... O que isto significa?
Onda ou partícula? Espelho ou reflexo?
Talvez o reflexo no espelho de uma dor que acabou de nascer...
Em mim...
De fato, hoje vejo, não há mais o que fazer,
não há como me comparar
- não tenho a inteligência necessária,
nem a beleza do corpo, do rosto,
nem mais a beleza das mãos para escrever
- isto não foi até aqui e não é mais suficiente -
são minhas as palavras de milênios que
- hoje constato - nada mais dizem, não tocam tua alma,
não tocam mais teu coração, não fazem diferença alguma.
Não sei se sigo ou se paro... Talvez, pra sempre... silencio...
Olho o chão, meus pés de amor nas páginas,
nas linhas e entrelinhas deste livro
sendo escrito há bilhões de anos...
A primeira página foi queimada pelos raios do Sol...
Agora contemplo sua última página...
Não há um pósfácio...
Passos taciturnos já ecoam na travessia...
Minha quietude inicia o trilhar da solidão da minha vida
que perdeu o sentido de seu próprio existir...