São Gotardo, 20 de maio de 1991.
Mãe
Recebi sua carta e fiquei muito feliz porque deu para matar um pouco as saudades de você.
Sinto estar distante, mas a vida é assim e a gente tem que entender que temos que vivê-la como ela é. As saudades aumentam a cada instante e o amor aumenta com a saudade.
Quero que saiba que eu a amo muito e que você é a mulher mais especial que Deus criou.
Gostei das notícias contidas na carta, principalmente a do pai ter parado de tomar cachaça e ter comprado um presente e tanto para a mãe: a máquina de lavar roupa. Agora você não precisa se judiar tanto no tanque pois fica tudo mais fácil com a máquina.
Mãe eu estou bem no trabalho, gosto do faço. Só engordei um pouco. Estou mais bonito.
Hoje é o dia da audiência do tio por aquele incidente que houve a alguns dias atrás quando ele deu tiros num homem que havia ameaçado ele com um facão. Estou torcendo para que corra tudo bem porque o tio atirou em legítima defesa.
Mãe, estou me dando muito bem com a tia. Ela é muito legal e compreenssiva. Até está tentando me arrumar uma namorada para passar o tempo.
Bom, finalizo esta, pois estou com vontade de ler novamente a sua carta para matar mais a saudade.
De seu filho que a ama.
Milton.