Livre da Fuligem do Tempo
O coração escorre,
em laivos de dor,
dos olhos vermelhos.
Quero... queria...
asas livres da fuligem
que paira
na bruma da noite...
e tapa meus olhos
de tua visão.
Queria mais um picadeiro
de águas azuis
- sem redes de proteção -
para saltar no escuro
em direção à luz
do fundo do túnel.
Foi a minha
tentativa de morrer
que me deu
um abraço de luz
e me virou
para a guinada
de volta à vida.
Por esse motivo,
hoje quero navegar
fora de mim,
longe dos meus avessos...
de meus trapos
sem suturas...
Por isso,
não me dou mais versos,
não quero saber
da liquidez
das asas do poema,
e, principalmente,
não quero mendigar
migalhas ou pedaços
do que
não me é dado
ter, viver...
Maria
Enviado por Maria em 20/09/2023