Gosto de caminhar
na profundidade da vida
e nos seus mistérios.
Olhar o mundo com estranheza
para nunca criar (pré)conceitos,
olhar o universo com admiração,
pra sempre se sentir parte de seu fascínio,
mesmo sem compreender seus enigmas,
os caminhos dos astros,
a chegada em nós da luz das estrelas,
do sopro de ternura do sol,
de sua voz distante, longe
(quanto mais longe) e tão perto.
Gosto de pisar na relva das memórias
porque são elas que me fazem ser,
mas quero sempre olhar distante,
paro o lugar onde está meu sonho
- limpar silenciosamente minhas asas
com meu bico seja em Bach
(em Allegro, Andante ou Presto),
Vivaldis (se na calmaria ou tempestade -
que seja sempre nas Quatro Estações)
ou na dor ou no amor de Ilicht*,
(com meu velho violino
partituras ancestrais
ou um pincel de nanquim) -
para estar sempre pronta
para escrever novas histórias
desenhar ritmos de diferentes melodias
para o voo de horizontes...
que um dia recebi
de um velho carpinteiro de palavras
e que fez da minha vida a Minha Poesia!
(Estou voando -
sou a Poesia em mim!).
* Piotr Ilicht Tchaikoski