É uma Pétula ao Vento...
o sonho mais íntimo.
Delicada Pétula Branca
a voar sonâmbula
por sobre o acolchoado
de nuvens...
a rolar nas teias
de gaze do céu,
tocando cada estrela
tatuada em sua pele.
Rúbra Pétula de Fogo,
amadeirada de perfumes,
triscada de fibras
que a permitem bailar, dançar
e sussurrar baixinho melodias
inaudíveis de medos
e constrangimentos.
Dourada Pétula
que se deixa tocar
pela suavidade
e toda a força
do amor do Sol.
Que navega suave e meiga
por entre o som melodioso
de harpas e violinos,
para depois ecoar seu grito,
seu canto clamando
por mais Luz, mais Sol.
Sol, Sol, Sol! Raios de Sol!
Em resposta
todos as luzes
da gigante estrela descem
num rodopio,
sobre as Pétulas Vermelhas
e Aveludadas,
num caleidoscópio onde giram
as estrondosas entradas
dos violoncelos trazendo no bico
as tempestades de verão de Vivaldi...
E o estrondo se houve
no universo de luzes...
É sentido nos anéis de Júpiter,
que fazem um elo
enlouquecido de cores
ao redor da Pétula de Arco-Íris.
É ouvido e sentido -
em toda sua força -
nos caminhos de leite de Plutão
que se esparramam
sobre a terra quente e úmida...
E o grito apaixonado
e extasiado desta Pétala Rosa
estremece estruturas,
e o Sol, embriagado
sopra em sua Textura
meigos e pequeninos
pingentes de luz
que caem como beijos
e carícias
na Pétala Orvalhada
da flor que chora
ao ser tocada...
Para depois,
Pétula Azul de Amor,
coração aos pulos,
mãos trêmulas,
ao som das delicadas
concertinas de Piotr,
entre pausas e suspiros
- que devolvem
o ar aos pulmões -
e lágrimas de gratidão,
contemplar em silêncio,
os olhos da Luz do Sol
que agora,
em meigo acalanto,
a acolhe,
de cantinho,
em seus Braços Feitos.