Talvez eu não tenha ideias...
apenas sonhos, olhos
que “a tudo enxergam”
e a garganta dolorida de perguntas.
Os sonhos se banham
nas águas da ilusão
e as perguntas no buraco negro
dos abismos interiores.
É dali que saltam
para o tampo da mente
e ficam, in("cansáveis"),
"cutucando" o mundo ao redor.
É que o olhar aproxima
o coração do outro,
daquele que não diz,
daquele que não tem voz.
É neste encontro com ele que
percebo a dor no fundo dos olhos
... uma dor que não chora
- porque tem medo -
se esconde na grota da alma
mas deixa ver seu brilho fugaz
de sentimentos que a consomem...
construídos pelo descaso e a indiferença
pelas injustiças que a ele impostas...
que lhe arrancam o território, a dignidade...
a identidade e a esperança...
Por isso... talvez, eu não tenha ideias...
apenas sonhos, olhos que “a tudo enxergam”
e a garganta eternamente dolorida de perguntas...