Não quero que toque piano para mim.
Não há mais sentido
na poesia de partituras caladas.
Não sei mais onde eu esteja - não sei.
Despenquei num diálogo
que tinha tudo para fazer diferença...
mas derrubou um sonho e fez nascer a distância...
Como pode o ódio de teu coração
conquistar terreno tão amplamente?
Como pôde resultar em tanta dor? Ojerisa?
Não toque mais piano para mim.
Não há mais sentido
na poesia de partituras caladas...
Não me abrace mais.
Não há significado nenhum
nesse abraço frio.
Me poupe de tuas insignificâncias...
Como me disse a voz
dos olhos que se contradiziam?
- não és família,
não és algo ou alguma coisa.
És o nada que me habita!
És Sobreira/casca e cortiça...
"meu portal da mera amargura"...
Sim, é o que sou!
Casca, sobras de pó,
amargura e tristeza,
dor sem tamanho
(causada por ti).
Aceito o destino... Acolho.
E sigo...
Tudo - Agora -
é uma questão de métrica.
Da matemática
ou da álgebra da vida.
O mundo girou 90 graus
e as asas se distanciaram
na amplidão...