Também me enrolo como um caracol
quando inicio a migração
para dentro da concha escura e profunda.
É onde encontro meus segredos,
os áditos dos mistérios que inebriam
os olhares para minhas fortificações
construídas para manter
precipícios à distância.
Meus argumentos são rasos,
mas os debates
que travo comigo mesma
são exaustivos e ambivalentes,
deslizando entre as veleidades
de lucidez e (in)lucidezes.
Meus mergulhos na profundidade
desses mares de emoções
buscam evitar
desmoronamentos interiores
e experienciar o essencial
que não pode ser
expressado ou transmitido
se não pelo próprio sentido
de ser quem sou...
sou crenada em sentimento
e quando me acanho
me enrolo como um caracol
e inicio a migração
para dentro da concha
escura e profunda.
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