Toda vez que através do fulgor
das brumas de frêmitos nacarados
que abraçam a montanha,
ou sobre a azulada pintura
do céu das estrelas
meus olhos percebem
o brilho suave do seu amanhecer,
uma excitação feliz
se apodera de minha alma.
Então esqueço as avalanches de dramas,
as tragédias que a vida jogou em minhas estradas,
em minhas terras, num passado não muito longínquo...
E vejo... o novo mundo prometido...
e em mim, o desejo de conquistá-lo,
sabendo que nele tudo pode acontecer...
que nele sou livre e salva do meu próprio calabouço.
Sei que nele encontro-me nua diante do destino.
Pura, com nada a ocultar, nada a lamentar
por deixar-me descobrir inteira...
E assim você me vê, orvalhada
de todas as graças e misérias,
alegrias e tristezas, euforia e depressão,
intempestiva ou em contemplação...
o ser misterioso deslumbrado e contemplativo
nas palavras que a alma dita...
E sei que neste novo mundo
meu sangue se renova como se galvanizado,
meu espírito se colore de miragens e sonhos,
de sentimentos descomunais, de felicidades
e dores de saudades fulminantes
como raios estrondantes,
como o forte ribombar dos trovões.
Nesse novo mundo sei que o coração
se enche de disposições felizes
e minha alma se torna leve e cantante...
E então surge uma nova mulher...
completamente diversa... e apaixonada...
Surge a verdadeira mulher,
vinda de uma profunda elaboração do caos interior...
Surge essa, que agora te fala,
essa que um dia emergiu
do silêncio e do ostracismo
por um instante de milênios de luz...
Essa... que só fala... se você a quiser escutar...
Poema inspirado em uma coleção de livros que li em minha adolescência.