E que toquem loas
ao pássaro perdido e triste
do tempo que já passou.
E que aplaudam de pé a sua dor.
Que se façam sangrias de suas feridas
e as esparramem como pó
sobre as terras que ele nunca pisou.
Ergam os cálices de sua libação
em um pedestal de espinhos
para que todos vejam
o prêmio da completude de sua entrega
e compreendam o motivo
de sua desolação e morte.
Que seja anunciado
em todos os cantos de vida
que jamais outra vez
alguém ouvirá brotar
um canto do silêncio de sua voz.
E que no dia de sua vindoura
e derradeira partida,
o carcereiro de sua vida,
e agora guardião de sua tumba,
apregoe ao mundo:
hoje morreu meu pássaro mais querido,
aquele que de seu amor
fez eterna poesia na minha vida!