Quase sempre caminhamos
buscando a escuridão da noite
em meio à luz do dia.
Depois choramos lágrimas de fogo
por não saber conviver com a luz
que longe surge sobre os limites
entre o céu e a terra.
A dor sentida anestesia a alma
e paralisa o corpo de sonhar.
É onde se perde o prumo da vida
e rastejamos ao chão
tentando encontrar o fio
que nos liga às estrelas,
o veio de ouro perdido.
E quando a mente percebe o que se foi,
as mãos, antes cheias e agora vazias,
choram forte a escuridão que jogou fora
ou deixou - dela - fugir o candeeiro de luz.
Se tuas mãos dela se perderam,
mas ainda anseiam fadas
e corrimões de criança
estenda os braços
pela janela do tempo profundo
onde o sol fogoso brilha,
e a luz jubilosa aguarda
o beijo que nunca chegou
com a alma aperolada
de meiguices e do brando Amor.