Não sou mulher interessante.
Mas tenho tesouros
guardados nos castelos do coração.
Quase um relicário,
cuja ancestralidade
remonta ao Poeta da Antiguidade.
Esse, que "bate perna"
e "bate o braço" e perde -
por entre os dedos -
a voz, o canto...
o nanquim e o verso...
É como a Poesia - bela -
se desenha num "exercício de terracota".
E o homem, "porta a dança e bruma o perfume".
Inebria os sentidos e acelera o coração.
Tem o cheiro dos "cedros" e "pinheiros"
e "mil guerreiros" em seu corpo
com "mil bandeiras" de amor
que tremulam ao vento.
É homem e "faz o voo", "a caça" e o desafio.
E o voo brame o tempo,
é bravia a caça e se aconchega
em "cordões" de ouro - onde "brilha a Luz".
A terra é Dele, mas Ela faz o espaço.
Sem um, o outro não vive.
Por isso, Ele foge pra "terra do encanto",
onde Ela repousa seu corpo de Flor.
Ele ousa desafiar o tempo
e pede "o vinho, o pão,
e o barro - para a terracota"
que arde branda
em lençóis de cetim
orvalhado de pétulas e folhas...
"Oito músicos" tocam
e eles dançam -
mãos dadas à tempestade -
para depois se abrigarem
à sombra de um arco-íris
e se banharem aos fios de sol...
E "roda a vida" e sopra
as "cinzas" do passado.
E eles escrevem novas histórias
com linhas em branco
para o Hoje, o Amanhã,
o Sempre, o Eterno...
o céu de amoras e avelãs...
E só se fala em Vida!
"Em morte não se fala mais!".
Dialogando com a tua poesia.
Pintura: Monika Luniak