Foi numa tarde de verão que eu o vi pela primeira vez. Corria o rio sobre os seixos de março. Encontrei-o embrulhado em seu próprio caos, preso, dentro de sua lata azul. De longe o olhava, rodeado das gente. Parecia estar em outro mundo, tamanha a sua dor. Olhei-me naquele espelho e me vi toda na lâmina dourada. Deixei-me prender nas teias que se estendiam para todos os lados. Caminhei por elas em todas as direções. Subi montanhas banhadas pelo sol, andarilhei em meio à névoa que abraçava a abraçava deixando apenas visualizar a parte mais alta e inalcançáveis de seus montes. Vislumbrei caminhos de flores e rainhas, toquei os telhados de barro e seus arco-íris... Foi assim que quis viver e fiz uma prece para que se desenrolasse da dor e que mesmo aos 70 anos de sonhos ele merecia ser feliz. Foi numa tarde de verão que o vi pela primeira vez: pássaro de grandes asas e voos ao infinito. Aprendiz de suas asas voejei mundos e universos em busca de - pleno - o encontrar. E ainda aqui, estou. Para sempre com ele estou.