São essas lembranças
as mais lindas e as mais doloridas.
Quando vemos que podíamos
ter aproveitado mais, muito mais do tempo.
Podíamos ter vivido mais do que vivemos.
O tempo que se falava passou...
e a flor caminhou o chão para o céu que sonhou.
Sempre houve espera nas horas.
Tantas lágrimas que também se distraiam
com o vento que soprava luzes na face.
O banco no parque, o lago de lona, azul.
O cheiro da grama, do café coado...
O caminhar por entre a história antiga,
os grilhões que prenderam os pés de tantas almas.
E era essa alma que falava do tempo
que havia para ser perdido...
e que devia ser vivido para estar junto, sim,
contemplar os cheiros das manhãs,
sentir as brisas e seus lumiares no coreto da praça,
o peito sempre em chamas,
o amor sempre ardendo,
o fogo sempre aceso,
compartilhado na cumplicidade
de duas vidas no quotidiano do dia.
Hoje, aqui, ainda vive a prece nos olhos
ao contemplar das montanhas,
as linhas da vida nas mãos e o tempo...
que ainda existe - persiste...
para caminho dos nossos pés
que não emudecem sonhos...