Sou feita de desassossegos.
Toda ânsias e angústias
pela poeira que se desloca rápida
para o lado debaixo
de minha ampulheta do tempo.
Mas também sei que a tranquilidade
é esse silêncio faminto de amanhãs.
Faminto de ventos
que soprem brisas memoráveis
por sobre o tapete da vida.
É inconfundível o cheiro da terra
quando o sol deita seus raios sobre os campos.
As ervas se dobram em reverência
e permitem o exalar de suas fragrâncias
e o contemplar de suas nuances de cores
de mais um entardecer.
É um aprendizado olhar os campos
escurecidos pelo adormecer do infinito
e a mansidão dos cochichos noturnos
a tecer versos enquanto
aguarda a aurora do dia
para o primeiro voo do tempo do tempo.
Foto: Maria