Sou eu a água
que desce as montanhas
em estrondosas corredeiras
ou em suaves remansos desse rio
que vai aguando até ser Mar.
Ou um igarapé,
deslizando
em meigos murmúrios
em teus olhos de floresta.
Ontem, fui rio, em seus cochichos
por entre os juncos da terra
de meu chão de amar.
Tua mão pairava na minha
enquanto eternizava nossos olhos
naquele sussurrante despir-se
de ser rio beijando a terra,
em cochichos fartos,
para depois seguir adiante -
matando de mim a tua sede -
... e, em ti, virar Mar...
Foto: Rio Uruguai (Maria)