Algures chega a noite e me pergunto
se de tudo valem um pouco mais as asas.
É que elas a si mesmas se fecham
nestas outorgas noturnadas de poesia.
Podia não anoitecer.
Queria que não anoitecesse.
Podia perdurar a luz crepuscular
mesmo as densas e neblinadas cortinas de solidão
descendo lenta e paulatinamente
sobre a face ansiosa
pelo realizar dos sonhos e utopias.
A noite chega com seu findar,
mas os sonhos não adormecem nestes umbrais.
Se adormecessem eu os acordaria outra vez.
Por isso, ainda me pergunto:
se adormecessem e eu os acordasse
abrir-se-iam um tempo mais as asas?