Também faço versos
como quem se desconjunta toda.
Deixo a dor dos ossos
e um pouco de sangue
em cada palavra escrita.
É que dói explicitar-se
num poema mudo e silencioso.
Mas continuo tentando.
Saltimbanco de palavras
me debruço em convulsões
e mergulhos intempestivos
no ar deste pergaminho do tempo.
Rodopio asas sobre o velho tapete
do balé da vida e trago meu coração
na ponta dos dedos de minhas primaveras.
São o devir de metamorfoses os versos -
se deixam levar pelos ventos
e desenhar pelas mãos da menina
que ainda me habita
e brinca de moldar nuvens no céu de sua vida.
Inspirada em Quintana
Foto: LCAJ