Foi um tempo de canto perdido,
de olhar se escondendo de si,
se escondendo por entre as folhas secas
caídas ao chão.
Havia o grave abandono,
um imenso esquecimento
e a indiferença, o descaso sentido.
Ainda hoje ecoa
tua prece contornando os lábios
me pedindo para não esquecer de mim,
não deixar o amor morrer,
para olhar o Sol como se todos os dias
ele nascesse pela primeira vez.
E a minha saudade foi desenhando sonhos,
foi hieroglifando girassóis na retina dos olhos,
apertando o peito, se instalando no coração.
Quando chorava as incontáveis esperas,
quando deitava o olhar na lágrima
que escorria pelo asfalto
não imaginava, sequer imaginava
que iam-se desalinhando horizontes.
Ainda hoje sinto tuas mãos em prece
pedindo para que não perdesse o canto,
para que não deixasse o amor morrer,
para olhar o Sol como se todos os dias
ele nascesse para mim pela primeira vez...