Me perco no emaranhado de fios
que as pupilas percorrem quase sem ver,
mas sentem com os dedos dos cílios
que piscam em desalinho de vida.
Há um desajeito de ser
neste olhar que sucumbe
como as correntes
adormecidas e quietas
sobre o tampo de bueiros profundos.
O que escondem em suas entranhas
que até as pedras não conseguem ver?
Circula água nesta mangueira
enrolada em si mesma
e que os pinos apontam
com tanta certeza e tentam tocar?
Guardam algum riqueza interior?
Deito o olhar ao complexo emaranhado
e me vejo ali, asas esvoaçantes,
tentando das garras
que - ainda - as prendem... se desvencilhar...
Poema e foto: