Prosa e Poesia
Meu garoto está melhorzinho. Graças a Deus! Já tomou os remédios e agora tá lá montando lego. Ontem mesmo deu sinais de que estava ficando bom... Veja só como eu percebi isso: ontem caprichei numa sopa de galinha e legumes. Sabe o que ele disse?
- Não quero.
Ele precisava comer. Então eu disse:
- Pensa numa coisa bem gostosa que a mãe vai tentar fazer. E já eram 2 da tarde. Então ele pensou:
- Lasanha! Ainda bem que eu tinha massa de lasanha congelada, tinha molho já congelado também pra uma situação de emergência. Pois descongelei tudo e montei uma lasanha com bastante queijo como ele gosta. Mesmo que estava com medo de que o queijo não iria cair bem pra quem está doente. Às 3 da tarde tava eu assando uma lasanhazinha prA ele. E comeu. Ainda bem.
À noite ofereci sopa de novo. Ele aceitou. Milagre. Peguei a xícara, coloquei até a metade. Olhou, comeu uma colherada e devolveu tudo na pia da cozinha. E ainda saiu dizendo:
- Mãe, essa tua sopa não dá nem pra comentar !
- Por que não ?
- Tá horrível. Tu fez com carne. Tu sabe que eu não gosto com carne. Tu sabe que fica aquelas bolinhas como se tivesse pingado umas gotinhas de gasolina na sopa. E tu sabe que eu não gosto disso. E tu sabe que eu não gosto de sopa "rala" (nem era tão rala assim). Eu gosto quando a sopa fica grossa. Tu sabe. Isso parece só água quente. E sabe o que mais ? Tua sopa não tem gosto de nada. Tá horrível. Eu é que não vou comer !
Ui! Fui experimentar a sopa. Era uma delícia. Olhei as "bolinhas de gasolina". Nada sério ou exagerado. Umas míseras "bolinhas" que quase não dava pra ver. É que eu não tinha peito de galinha em casa. E coloquei algumas coxinhas de asa. Achei que a sopa ia ficar mais saborosa com alguns pedaços de galinha além do chuchu, tomate, cebola, batata, cenoura e tempero verde que coloquei. E que pra um doente ia apetecer mais. Mas me enganei. Esse meu doente enjoado e xarope não é como qualquer outro que fica feliz com uma sopa "rala" e quentinha.
Pois fiquei brava e não fiz outra coisa. Ou comia a sopa ou tomava um leite com achocolatado. Escolheu o leite.
- E bem morno viu?! Disse ele, marchando pra sala.
Uia, que dava vontade de já encher ele de osso. Estava ficando abusado o meu filho. Pois decidi curar já essa doencinha. Fui lá e disse:
- Só pra ti ficar sabendo: Eu não tua escrava, nem tua empregada viu ? Pra ficar me dando ordens. E estou fazendo de tudo pra você se sentir bem. Então vai sossegando que senão a coisa vai ficar preta. Decerto que tu já está melhor né? Porque um doente não é chato desse jeito. Ele abre a boca e come o que a gente oferece com gratidão e não fica dando ordens como se fosse um general.
- Desculpa mami ! (Aham! Então ele ficou preocupado porque usou o carinhoso mami pra se desculpar)
- Tá desculpado, mas é melhor mudar a tática, senão vais acabar fazendo tudo sozinho...
E fui pra cozinha esquentar o leite.
Lembrei que de manhã ele estava tão meigo. Eu fiz um chá e levei pra ele lá na sala. Ele pegou minha mão e disse:
- Obrigado mãe! E ficou fazendo carinho na minha mão.
Mas eu podia entender. Eu também fico enjoada quando estou doente. Em geral não quero comer nada mesmo. E nem ouvir barulho eu posso quando não estou bem.
Postado 17/04/2010 às 09h21 em meu blog pessoal
