Navego nas correntezas tenebrosas do rio, mas não me deixo afogar. De mim emana um linha de força capaz de me reconstruir em meio ao vendaval, à tormenta. Deixo a poesia penetrar na minha verdade vivida. E ela fala de amor e ternura, diz da doçura do sentimento... que se amplia e se expande no brilho e na profundidade do olhar. Se o meu recomeço é a crise, que eu possa ela valorizar. É o meu devir, a gênese do meu renascer como fênix por sobre as pedras, a lama e a correnteza que ainda não findou. Sigo... sigo sendo a essência das coisas, do meu mundo... a essência das minhas xícaras que são sempre canyons profundos... Suas paredes guardam a tatuagem de minha história, de um coração que "não é uma máquina" embora ela dele faça parte... e o acorda quando para de bater... é pra esse acordar que existo. Ainda estou aqui... asas se abrindo... pés na beira do rochedo... E a minha identidade é voar... voejar... por sobre o medo e a dor... viajar pelo universo de luzes numa jornada sem fim, rumo à minha eternidade. Que meus olhos aprendam a curtir a jornada, o caminho e que se fechem para os céus cinzentos e a ausência de horizontes...